ENTREVISTA PUBLICADA NO JORNAL DE
PIRACICABA
8 DE JUNHO DE 2014
Série PERSONA
Natural de Pirapetinga, pequena cidade
da Zona da Mata de Minas Gerais, Almir de Souza Maia, que atuou como reitor da
Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) de 1986 a 2002 e permaneceu até
2006 como diretor geral do IEP (Instituto Educacional Piracicabano), acredita
que, na caminhada da vida, “somos influenciados e influenciamos pessoas”. Aos 68 anos de idade, ele afirma ter sentido a
alegria de receber inspiração de muita gente.
Sente-se privilegiado por participar da história da educação metodista, pois desde muito jovem foi tocado pela ação educativa, que tornou-se missão e ministério. Todo esse repertório o levou a formar, em 2007, o CDP (Centro de Documentação e Pesquisa) em Piracicaba, que dispõe de subsídios para trabalhos nas áreas educacionais e históricas, inclusive internacionais, com acervo documental e bibliográfico constituído ao longo de mais de 30 anos. Por toda a sua dedicação à educação Maia foi convidado a participar no mês passado da 7ª Conferência Mundial da Iamscu (Associação Internacional de Escolas, Faculdades e Universidades Metodistas), em Hiroshima, no Japão, onde recebeu o prêmio “Ken Yamada para Lideranças Notáveis”, reconhecimento a educadores que tenham contribuído significativamente para missão metodista no mundo. Para lá levou um discurso voltado à paz e à igualdade de direitos humanos, enfatizando a importância da inclusão do negro nas universidades brasileiras. Hoje, ele conta para série Persona como foi essa experiência.
Sente-se privilegiado por participar da história da educação metodista, pois desde muito jovem foi tocado pela ação educativa, que tornou-se missão e ministério. Todo esse repertório o levou a formar, em 2007, o CDP (Centro de Documentação e Pesquisa) em Piracicaba, que dispõe de subsídios para trabalhos nas áreas educacionais e históricas, inclusive internacionais, com acervo documental e bibliográfico constituído ao longo de mais de 30 anos. Por toda a sua dedicação à educação Maia foi convidado a participar no mês passado da 7ª Conferência Mundial da Iamscu (Associação Internacional de Escolas, Faculdades e Universidades Metodistas), em Hiroshima, no Japão, onde recebeu o prêmio “Ken Yamada para Lideranças Notáveis”, reconhecimento a educadores que tenham contribuído significativamente para missão metodista no mundo. Para lá levou um discurso voltado à paz e à igualdade de direitos humanos, enfatizando a importância da inclusão do negro nas universidades brasileiras. Hoje, ele conta para série Persona como foi essa experiência.
Quais as novidades da 7ª Conferência
Mundial 2014 da Associação Internacional de Escolas, Faculdades e Universidades
Metodistas (IAMSCU)?
A Conferência Mundial 2014 teve uma mudança
notável na sua programação com a inclusão das pré-conferências, que permitiram
a apresentação de mais de trinta seminários sobre Direitos humanos, Ética e
responsabilidade social, Teologia e paz.
Esta novidade ampliou a participação de conferencistas e enriqueceu academicamente o evento. Nas
edições anteriores não houve esta oportunidade.
Como foi sua participação no evento?
Tive a satisfação de acompanhar a delegação
latino-americana, desta vez um pouco menor. A minha participação aconteceu em
três momentos. No seminário, meu trabalho foi selecionado para as pré-conferências
(Direitos Humanos) com a apresentação do tema Políticas afirmativas e inclusão do negro na universidade brasileira. Como Presidente do Conselho Editorial da
Revista de Educação do Conselho Geral das Instituições Metodistas de Educação,
aproveitei o momento para divulgar e ampliar a inserção internacional da
Revista. Por fim, recebi o Prêmio “Chama da Excelência”.
O senhor foi homenageado com o “Prêmio
Ken Yamada para Lideranças Notáveis” no Japão. Qual a importância geral desse
prêmio?
O “Prêmio Ken Yamada para Lideranças Notáveis” foi
criado pela Associação lnternacional de Escolas, Faculdades, Universidades e Escolas
Teológicas Metodistas (IAMSCU) e
pela Associação Nacional de Escolas, Faculdades e Universidades
da Igreja Metodista Unida dos
Estados Unidos (NASCUMC) e é concedido como um reconhecimento e valorização
de um educador excepcional, que tenha
feito contribuições significativas para a Missão Metodista na área da Educação ao redor
do mundo. É considerado a mais significativa honraria do segmento educacional
metodista em todo o mundo. Seu nome é uma homenagem ao Dr. Ken Yamada, um
educador japonês e norte-americano, um cidadão do mundo, que tem sido responsável
por formar líderes e criar inovadores projetos educacionais e sociais em diversos
países.
O
que significou essa homenagem em sua carreira?
Sinto-me feliz com a homenagem recebida,
afinal é um reconhecimento de dimensão internacional da comunidade educacional
metodista. Ela tem um significado especial para mim, que sempre valorizei e
investi na educação. Quem não gosta de
receber o reconhecimento pelo trabalho realizado? Entretanto, é com humildade
que recebo esta honraria e com consciência de que não construímos nada sozinhos
e somos parte de um coletivo, onde há contribuição de outras pessoas. Em minha
manifestação em Hiroshima, eu disse que “não há palavras ou gestos que
expressem plenamente a minha gratidão de integrar a galeria da mais expressiva
homenagem da educação mundial metodista. Considero-me como fruto da influência
da educação metodista, que um dia tocou na vida de meus pais. Assim,
compartilho esta honraria com a minha querida família - irmãs e irmão, esposa,
filhos, noras. Também compartilho com os amigos de caminhada que me apoiaram e
estimularam, principalmente de meu país, o Brasil - Igreja Metodista e COGEIME,
bem como a comunidade da educação metodista na América Latina, representada
pela Associação Latino-americana de Instituições Metodistas de Educação (ALAIME)”.
Nesta menção de reconhecimento destaco a Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP),
Colégio Piracicabano e Escola de Música de Piracicaba Ernest Mahle por tudo o que eles representam para minha vida.
O prêmio foi por sua liderança de referência
na educação metodista. Quais são as principais características para se tornar
um líder de referência?
Esta é uma questão ampla e complexa. Há visões diferenciadas e até
quem apresente receitas prontas para catalogar virtudes, valores, características,
qualidades da figura de um líder. Claro, não sigo esta linha. Entendo que
liderança vai além disso e que somente acontece quando é reconhecida pelos
subordinados, sem imposição, mas com integridade, autoridade e humildade.
É
a primeira vez que recebe este prêmio?
O Prêmio é concedido somente uma vez a cada
pessoa.
O Centro de Documentação e Pesquisa (CDP)
atua no resgate da memória histórica. Como surgiu a proposta de criá-lo?
Ele foi criado em 2007, logo após a conclusão
de meu trabalho como Reitor da UNIMEP (1986-2002) e Diretor Geral do Instituto
Educacional Piracicabano (1986-2006). Encerrada a minha participação
institucional, continuei atuando na educação, pois nesta área não há férias e
nem aposentadoria. Meu objetivo foi e continua ser usar a minha experiência
para contribuir voluntariamente e dar assessoria na área educacional. Tenho
realizado pesquisas e utilizo um bom acervo documental e bibliográfico
construído ao longo de mais de três décadas dedicadas à educação. Nos últimos
anos tenho dado atenção a projetos internacionais. A pedido da IAMSCU, General Board of Higher Education and Ministry of the United Methodist
Church (GBHEM), World Methodist Council (WMC) e Methodist
Global Education Fund for Leadership Development (MGEFLD), realizei trabalhos
e pesquisas. Atuei, ainda, na Universidade Madero, em
Puebla, México. Assim o CDP é um espaço de memória, estudo, reflexão e produção
de pesquisa na área educacional. É também local para receber pesquisadores em
metodismo, em educação, amigos e piracicabanos.
O CDP forneceu subsídios para as
discussões durante a Conferência. De que forma isso ocorreu e quais foram esses
assuntos?
Sim, na Conferência de 2011 em Washington, DC
(EUA), apresentei o resultado da pesquisa “A educação é o nosso mundo – visão
retrospectiva da IAMSCU e suas perspectivas”.
Neste ano trabalhei o tema da inclusão do negro na universidade
brasileira. O CDP dispõe de documentação e condições propícias para realizar estes
e outros trabalhos.
Por que este é um ano importante para a
educação metodista mundial?
Em função da realização da Conferência
Mundial realizada em Hiroshima.
As comemorações colocam Piracicaba em
evidência? Por quê?
Piracicaba se destaca em eventos da educação
metodista. A história da educação metodista no Brasil passa necessariamente por
Piracicaba, com a fundação do Colégio Piracicabano, em 1881, pela missionária
Martha Watts - a primeira escola metodista criada no Brasil e a terceira na
América Latina. Além disso, posteriormente a UNIMEP veio reforçar esta dimensão
internacional. Aqui tem acontecido marcantes eventos da educação em termos
nacionais e internacionais. Na condição
de Reitor e Diretor Geral, e de Presidente do COGEIME, tive a inesquecível experiência
de contribuir e liderar processos visando a internacionalização da educação e
de criação da IAMSCU, ALAIME, Associação Brasileira de Instituições
Educacionais Evangélicas (ABIEE).
O
senhor afirma que a construção pedagógica tem compromisso com a cidadania. Qual
o papel pedagógico nesse contexto?
A pergunta que sempre se coloca é: qual é o
papel da educação? Educação se constitui na base da construção da cidadania.
Educação é mais do que ensino e conhecimento, deve ser entendida de forma
integral e na perspectiva de construção coletiva. Paulo Freire afirmava que “ninguém
caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando,
refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar“; “ninguém educa
ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados
pelo mundo”.
Como um líder de referência, o senhor
acredita que educar para a paz é necessário para formar líderes globais? De que
maneira deve se dar essa educação?
O tema da Paz está
presente na agenda mundial dos encontros de governantes e conferências
patrocinadas pela ONU, que têm como objetivo central trabalhar pela paz e
desenvolvimento mundial. Nas apresentações
e debates na Conferência em Hiroshima, foi colocado que não há paz sem
reconciliação e respeito aos direitos humanos. Numa dimensão cristã, a paz
depende de mudança de mentalidade e do coração. Nelson Mandela dizia: “Ninguém nasce a odiar outra pessoa devido à cor da
sua pele, ao seu passado ou religião. As pessoas aprendem a odiar, e, se o
podem fazer, também podem ser ensinadas a amar, porque o amor é mais natural no
coração humano do que o seu oposto”. Mandela indicou a educação como
base para a construção da paz: “A educação é a arma mais poderosa que você pode
usar para mudar o mundo”. A educação deve ser um instrumento para criar uma nova ordem, uma cultura de paz
que significa se comprometer com a justiça e solidariedade global. Assim, é necessário que todas as lideranças
sejam agentes, tenham este compromisso de transformar esta nova ordem. Este é
um longo processo que precisa ser incorporado pelas gerações.
A Conferência da IAMSCU ocorre a cada
três anos em um país. Como ocorre essa escolha e quando o Brasil será
contemplado?
A decisão sobre onde acontecerão as conferências
cabe ao Conselho de Diretores, órgão da IAMSCU que tem a competência de muitas
decisões, entre elas a escolha do país
sede. O Brasil recebeu a primeira,
realizada em 1996 no Rio de Janeiro. Na época, na condição de Presidente do COGEIME,
tive o privilégio de organizar e receber esta primeira conferência, que se
tornou referência na história da Associação. Além do Brasil, Inglaterra,
Irlanda, Austrália, Estados Unidos, Argentina e agora o Japão hospedaram este evento.
Quais foram as discussões desta edição?
A Conferência de 2014 recebeu cerca de 350
participantes de todas as partes do mundo. Contou, também, com a participação
de mais de cem jovens universitários. O tema foi: Paz, Reconciliação e Direitos Humanos – promovendo educação para as novas
gerações de líderes globais. A programação geral teve dois momentos. No
primeiro aconteceram os seminários sobre os temas Direitos Humanos, Ética e
Responsabilidade Social. Dois brasileiros participaram desta parte: o Prof. Dr.
Jung Mo Sung, da Universidade Metodista de São Paulo, que falou sobre Injustiça social, paz e teologia e eu,
que tratei do tema As políticas
afirmativas e a inclusão do negro na universidade brasileira. Foram
apresentados mais de trinta seminários.
No segundo momento aconteceram as grandes conferências, proferidas por autoridades
do mundo acadêmico, científico e religioso, seguidas de painéis. Entre estas
destaco “Desafios da construção da paz, reconciliação e direitos humanos”, “Educação
Global e cultura da paz em Hiroshima”, “Ética e direitos humanos, paz e
reconciliação numa perspectiva intercultural”.
Como partes
da programação foram realizadas atividades celebrativas e culturais, como as
visitas ao Hiroshima Peace Memorial Museu
& Peace Park e ao complexo turístico de Miyajima, além de apresentações
musicais. Vários corais se apresentaram e se destacou entre eles o Coral Wiley,
da Methodist Black College de Marshal (Texas,
EUA), um espetáculo à parte. Um dado interessante é que as atividades da
Conferência se deram a cada dia em locais diferentes: Jogakuin High School, International Conference Center Hiroshima,
Jogakuin University e Hiroshima Nagarekawa Church. Isso nos permitiu
conhecer diversas realidades, o que enriqueceu a participação de todos.
Qual a influência que as discussões da
IAMSCU exercem nas mudanças tomadas de decisões mundiais?
Os encontros e eventos da IAMSCU não são
diferentes de outras associações e entidades educacionais mundiais e UNESCO. São
oportunidades relevantes de reflexão que vai se acumulando ao longo do tempo. É
um processo que alimenta o debate, mas ele não se esgota nessas conferências
trienais. São produzidos documentos, textos, anais que são disponibilizados na
internet e publicações impressas. É preciso que os temas sejam refletidos em
encontros regionais, em países, e cheguem às instituições educacionais.
Portanto, é um processo contínuo. Ao lado desta produção e debate acadêmico, as
conferências são oportunidades para intercâmbio de experiências, abertura de
novos relacionamentos e cooperação institucional em nível internacional.
Afinal, somos uma rede de mais de oitocentas universidades e faculdades em
oitenta países.
Como está a parceria com o Fundo Global
Metodista de Educação, de Nashville, para projetos envolvendo a formação de
lideranças para atuar globalmente com ética?
O Fundo Global é um projeto inovador e tem
avançado bastante nos últimos anos com a implantação de escritórios
continentais. As parcerias com as instituições metodistas têm funcionado bem.
Na América Latina, o Fundo é administrado pelo COGEIME, por meio de acordo de
cooperação assinado em março de 2009. Desde então a entidade tem representado a
América Latina, como escritório regional do Fundo, que já possui sede na
América do Norte e ampliará sua atuação, também, para África, Ásia e Europa. Entre
as diversas frentes de atuação o Fundo Global trabalha programa de formação de
liderança. Segundo Luis Cardoso, coordenador
executivo do escritório regional do Fundo Global na América Latina, já estão
“sendo organizados seminários para o desenvolvimento de lideranças no Brasil,
Bolívia, Peru, Panamá e Guatemala, e elaborado um projeto de captação de recursos
para bolsas de estudos”.
A ética passa pelo
reconhecimento dos direitos humanos? O que falta para que seja ampliada em todo
o mundo?
Entendo que a ética vai além da conduta
humana; antes de tudo ela deve ser parte de nosso compromisso com a construção
da vida, da justiça, dos direitos humanos. Passa pelo entendimento de que somos
parte de um todo. Não dá para impor ética, ela precisa ser existencialmente
vivida. Antes de ser cobrada dos outros, nós precisamos exercê-la.
E no Brasil, qual o caminho para fazê-la
acontecer, considerando que muitas das importantes lideranças deixaram de ser
exemplos?
Acho que não temos um caminho, mas todas as
oportunidades precisam ser aproveitadas para tratar de ética. O tema precisa
ser socializado, debatido, entendido pelos cidadãos e ir além dos filósofos,
teólogos e especialistas. Muitas vezes, cobramos ética dos outros, das
instituições, dos políticos e dirigentes, entretanto, como cidadãos, não temos
uma conduta condizente. É necessário fazer a nossa parte. A família, a escola,
as comunidades religiosas são espaços para o aprendizado da ética. É um
processo educativo e continuado. Infelizmente, com poucas exceções, nossos
políticos e dirigentes não são exemplos de integridade.
Como educar as pessoas para que não
tenham dúvidas sobre seus direitos?
Todo processo
educacional deve acontecer numa perspectiva crítica, integral e de formação cidadã. Na convivência social e
comunitária temos direitos e deveres que caminham juntos. Este deve ser o
compromisso de estado, família, escola e da sociedade como um todo.
O senhor palestrou durante a Conferência.
O vértice de seu discurso foram as políticas afirmativas e a inclusão do negro
na universidade brasileira. O que são políticas afirmativas e de que maneira
elas influenciam na educação?
Este assunto tem
sido alvo de minhas pesquisas nos últimos anos.
Políticas afirmativas são decisões institucionais de governo na forma de
leis, programas e ações que visam combater ou atenuar situações de desigualdade
e de exclusão socioeconômica, possibilitando igualdade e
oportunidade étnicas, raciais, religiosas, de gênero, etc. Tem como propósito
ampliar a participação de minorias no processo político, na educação, saúde,
emprego, bens materiais e imateriais, redes de proteção social, etc. Demonstrei que os dados confirmam a relevância das políticas
afirmativas ou compensatórias no Brasil nos últimos anos para a inclusão do
negro na universidade brasileira. Para citar apenas um dado, em 1997 tínhamos
4% da população de negros e pardos na educação superior (18-24 anos). Em 2011 esta
porcentagem cresceu para 19,6%. Este aumento se deve, em boa parte, às políticas
e programas sociais e raciais do governo.
Por que ainda se discute a inclusão do
negro na universidade brasileira, em pleno século 21? E por que, sendo os
negros a maioria da população brasileira, eles ainda são minoria nas
universidades?
Os negros e pardos representam 50,7% da
população brasileira segundo o último censo de 2010 e não são minoria apenas
nas universidades, mas em todos os níveis da educação nacional. Temos uma
desigualdade histórica e uma dívida social imensa a ser reparada, sobretudo com
a população negra. As desigualdades raciais são apontadas em diversos indicadores
econômicos e sociais, como na educação, saúde, mundo do trabalho, renda e
emprego e das oportunidades, etc.
Trata-se de uma situação que remonta a
séculos, que tem origens a época da escravidão e que somente a partir da década
de 80 do século passado começou a ser enfrentada, com a questão do debate dos
direitos humanos e do racismo ganhando mais força e os negros conseguindo
garantir melhores condições de acesso à educação, à saúde e ao emprego. A
melhor distribuição de renda da população também contribuiu para que as
diferenças começassem a diminuir entre brancos e negros, especialmente na
última década.
Essa minoria ocorre por desigualdade no
exercício dos direitos? O que fazer para modificar esse cenário?
Uma
das providências é trabalhar as políticas de ação afirmativas que são
compensatórias e visam reduzir as desigualdades, mas estas têm de ser
entendidas como mecanismos temporários. O mais importante é que avancemos para
uma sociedade justa e inclusiva, tendo que pagar o preço deste sonho. Pela
Constituição Federal todos somos iguais.
De que maneira a UNIMEP contribui para
promover a inclusão social?
A universidade têm múltiplas funções e uma
delas é ser espaço de reflexão sobre temas de interesse social. Nesta linha a
UNIMEP foi pioneira em trazer para o debate temas e questões sociais, até então
distantes do mundo acadêmico. Foi além: apoiou e estimulou programas sociais
relacionados à exclusão e minorias. Para ficar com um exemplo: apoiou o
Movimento Negro e, na década de 1990, instituiu programas de bolsas para negros
e acompanhou a criação da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, a
primeira instituição educacional para negros no Brasil.
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